A comemoração do Dia da Igreja Diocesana será, como sempre, no Domingo da Santíssima Trindade, este ano a 15 de Junho. No nosso arciprestado, a festa vai ser no Centro Cultural de Tábua:
15:00 - Apresentação e debate do Tema: Ser Igreja - Comunhão e Missão - Comunidade de Discípulos em Missão.
16:15 - Momento Cultural
16:30 - As Vocações no nosso Arciprestado - Apresentação e Testemunhos
17:30 - Momento de Oração (Rezar a Igreja que somos)
18:00 - Lanche Partilhado
Paróquias de Cabril, Dornelas do Zêzere, Fajão, Janeiro de Baixo, Machio, Pampilhosa da Serra, Portela do Fôjo, Unhais-o-Velho e Vidual
sábado, 17 de maio de 2014
sábado, 3 de maio de 2014
Celibato, uma riqueza na Igreja
Ser padre não é uma profissão
Ser padre não é “uma profissão como
as outras”! E o celibato devia ajudar-nos a perceber isso. De facto, não falta
quem diga: “por que é que os padres não se hão-de casar? Afinal, é uma
profissão como as outras…”. Mas, se os sacerdotes não se casam, então é porque
ser padre não é uma profissão (e muito menos uma profissão “como as outras”). Trata-se
de uma vocação, e não de uma profissão. Na verdade, quando se pergunta a
profissão a um homem casado, ninguém responde “sou casado”… A profissão
representa, apenas, uma parte da nossa vida: o trabalho. Mas ser padre envolve
toda a vida de quem o é, e não apenas os trabalhos próprios do padre. Quem diz
que o padre se devia casar porque tem “uma profissão como as outras” está a
colocar a questão ao contrário: se o
padre é celibatário, então esse é, precisamente, o primeiro sinal de que ser
padre não é uma profissão (nem “como as outras” nem como nenhuma).
O celibato é uma
consagração
É uma questão de ser todo e só de Cristo, de
uma forma muito especial. Não tem nada a ver com “ter mais tempo para as
paróquias” ou “não ter tempo para a família”. Trata-se de ser todo só de
Cristo, de se consagrar totalmente a Ele. E (embora pudesse ser de outra
maneira) faz todo o sentido que o padre seja assim.
Então e as freiras?
Mas há outros celibatários para além dos
sacerdotes. Ao contrário do que muitos pensarão, nem todos os frades e monges
são padres. Muitos são, simplesmente, frades, ou então monges, da mesma forma
que as religiosas são, simplesmente, freiras, ou então monjas (já para não
falar dos leigos consagrados). Então estes e estas, que seguem uma vocação
religiosa? Também se deviam casar? Ora, isso é impossível: viver em celibato
faz parte da sua vocação, que não é outra senão viver os três conselhos
evangélicos: pobreza voluntária, castidade perpétua e obediência inteira. É um modo de vida incompatível, sob diversos pontos
de vista, com o matrimónio. Pode acontecer que os sacerdotes venham a deixar de
ser celibatários, pois o sacerdócio não tem que estar obrigatoriamente ligado
ao celibato. Mas a vida religiosa consagrada está absolutamente ligado ao
celibato! Faz parte, não poderia existir de outra forma!
Portanto, o celibato existiria sempre na
Igreja, mesmo que os sacerdotes deixassem de ser celibatários, pois a vocação à
vida religiosa consagrada é sempre celibatária.
O celibato e a falta de vocações
Também não falta quem diga: “Se os padres
se pudessem casar, até havia mais padres, porque alguns não vão para padres
porque não se podem casar...”. Mas, se isso fosse verdade, não haveria
falta de vocações entre os protestantes, cujos pastores se podem casar. O
problema da falta de vocações não tem nada a ver com o celibato. A única
verdadeira causa da crise de vocações é a falta de fé: se houver poucos jovens
na Igreja, dificilmente os haverá no seminário!... Além disso, os que pensam
que resolveriam a falta de vocações sacerdotais acabando com o celibato, como é
que resolviam o problema da falta de vocações para a vida religiosa, que não
pode ser senão celibatária? Para mais, o celibato é uma grande oportunidade de discernimento,
que leva candidato a amadurecer a vocação e ajuda a seleccionar algumas
falsas vocações. Além disso, ainda bem que “alguns não vão para padres porque
não se podem casar”: é que ser padre não é um direito, nem uma coisa para quem
quer, mas sim um chamamento de Deus.
“Mal empregado!”
“Mal empregado!”
Dizer
de alguém “mal empregado ter ido para padre...” é um dos maiores disparates da
história universal (mesmo que pretenda ser elogio). Como se o celibato
fosse o destino natural de pessoas feias ou frustradas com a vida. E como
se alguém fosse melhor “aproveitado” por estar comprometido apenas com
uma pessoa (em vez de comprometido com Deus e com toda uma comunidade). É
que as pessoas não são mercadoria para ser bem ou mal “empregadas” (o
consumismo aplicado à sexualidade é que nos faz pensar isso). Olhando a vida
tão frutuosa de grandes santos celibatários, mesmo os de bela aparência física, percebemos que não foram nada
mal empregados, pelo contrário. Ao ver a beleza, tanto interior como exterior, de
S. Teresinha do Menino Jesus, por exemplo, o que dá vontade de dizer é: “mal
empregada mas era se não tivesse sido carmelita!”
Por amor do Reino dos Céus
Por amor do Reino dos Céus
Foi
Cristo que instituiu o celibato! É da Sua vontade que ele exista. Não é uma
vocação para todos, evidentemente, mas Cristo deixa claro que alguns são chamados a esse modo de
vida: “Há eunucos que nasceram assim; há eunucos que foram feitos pelos homens;
e há aqueles que se fazem eunucos por amor do Reino dos Céus” (Mt 19,
12). Isto é, há os que são obrigados a privarem-se das relações sexuais
por deficiências da natureza ou causadas pelos homens; e há os que se privam
delas voluntariamente “por amor do Reino dos Céus”. Isto é não só
aprovado mas até sugerido por Cristo.
O celibato não é uma fuga
O celibato não é uma fuga
Mas o
celibato não é fruto de um desgosto amoroso, como muitos imaginam,
nem é um acto egoísta de quem evita os sacrifícios do casamento!
O celibato é uma entrega feita por quem se sente feliz, é um acto de amor
generoso. Diz o Papa Pio XII: “A virgindade não é virtude cristã se
não é praticada "por amor do reino dos céus", isto é, para mais
facilmente nos entregarmos às coisas divinas, para mais seguramente alcançarmos
a bem-aventurança, e para mais livre e eficazmente podermos levar os outros
para o reino dos céus. Não podem, portanto, reivindicar o título de virgens
as pessoas que se abstêm do matrimónio por puro egoísmo, ou para evitarem
os seus encargos (Sacra Virginitas, 12 e 13).
Precisamos dos celibatários!
Precisamos dos celibatários!
Se Cristo convida (alguns) ao celibato e se
ele existiria sempre na Igreja, mesmo que os sacerdotes deixassem de ser
celibatários, então é porque tem valor. A Igreja é um corpo (o Corpo
místico de Cristo) e, como corpo, tem muitos membros diferentes. Os membros
celibatários fazem parte desse corpo. Acabar com o celibato seria amputar um
importantíssimo membro do Corpo de Cristo.
Afinal, o celibato esclarece o casamento!
Afinal, o celibato esclarece o casamento!
O
teólogo protestante Max Thurian disse: «Quando é depreciada a vocação do
celibato, também o é a do casamento» (é interessante que seja um protestante a
dizê-lo). É sintomático que, onde quer que se negou, na Igreja, o direito de
existência à virgindade, também não se reconheceu a natureza sacramental do
matrimónio. A virgindade e o matrimónio iluminam-se mutuamente porque o seu
modelo é o mesmo: a união de Cristo com a Igreja. São estados de vida
complementares na Igreja que se evocam mutuamente.
A
sociedade actual rejeita o celibato. O celibato faz confusão às pessoas! A
larga maioria preferia que o celibato acabasse. Não é nada com eles, que não
são celibatários, mas sentem-se incomodadíssimos! E o casamento? Afinal,
descobrimos que também ele anda tão mal tratado por esta sociedade que detesta
o celibato. Onde jovens não se casam e menos jovens se re-casam, é impossível
que o celibato seja visto com bons olhos. Só quem compreende e aceita o
matrimónio conforme a Igreja o propõe (com uma só pessoa e até que a morte os
separe, em fidelidade) é que está preparado para aceitar também o celibato.
Quem não aceita o casamento assim também não está preparado para entender o
celibato. Se o mundo actual não aceita o casamento católico como é que há-de
aceitar o celibato? Também hoje, mesmo entre “cristãos”, se confirma, uma vez
mais, que quando a vocação do celibato é desvalorizada também o é a do
casamento. Que isto nos sirva de exame de consciência.
Sempre houve celibato na Igreja
Sempre houve celibato na Igreja
Contra o celibato, muitos argumentam que, no
início da Igreja, os padres e bispos não eram celibatários, mas respeitáveis
pais de família. Isso é verdade: de facto, na Igreja primitiva, os sacerdotes
eram, em geral, homens casados, e não necessariamente celibatários (embora
alguns o fossem); no entanto, quem lembra essa verdade com tanta
veemência esquece (ou pretende deixar esquecido…) que, embora os sacerdotes,
inicialmente, não fossem obrigatoriamente celibatários, sempre houve na
Igreja, desde o início, formas de celibato consagrado.
Ainda antes de haver congregações
religiosas, já havia jovens raparigas que consagravam a sua virgindade a Cristo
para serem esposas unicamente dEle. E não só raparigas mas também rapazes.
Havia também viúvas que, não se tornando a casar, se consagravam igualmente a
Cristo. Muitas das jovens mártires dessa época, que bem conhecemos e
celebramos, consagraram a sua virgindade a Cristo, seu Esposo divino (S. Luzia,
S. Cecília, S. Águeda, S. Inês,
S. Bárbara, etc.).
Portanto, o celibato, de homens ou de
mulheres, sempre existiu na Igreja!
Os abusos são fruto apenas da deturpação
Os abusos são fruto apenas da deturpação
Os tristes casos de pedofilia na Igreja que
têm sido denunciados nada têm a ver com o celibato. Muitos dos pedófilos são
casados: se praticam esse crime horroroso não é por falta de terem oportunidade
de relações sexuais honestas. Os pedófilos, sejam eles quem forem, fazem-no porque
são pessoas desequilibradas, e não por serem celibatários.
Ora,
em primeiro lugar, há que lembrar que os padres, salvo raras e tristes
excepções, são pessoas honestas e irrepreensíveis nesse ponto; em segundo
lugar, essas tais tristes excepções são apenas uma pequeníssima parte dos
pedófilos! Diz o Papa Francisco: “O celibato trazer como consequência a
pedofilia está fora de questão. Mais de 70% dos casos de
pedofilia ocorrem no ambiente familiar. Se um padre for pedófilo, é-o
antes de ser padre. Ora, quando isso acontece, nunca se deverá tolerar.
Não se pode assumir uma posição de poder e destruir a vida de outra
pessoa.”
Obrigados a casar?
Obrigados a casar?
Não falta quem diga que o celibato é
“contra-natura”, que não é uma realidade saudável nem possível de ser vivida,
por causa da força dos instintos sexuais; há quem o veja como uma espécie de
mutilação… Não admira que haja quem diga isto num mundo cada vez mais poluído
pelos mais diversos tipos de pornografia. Mas dizer que o celibato é
anti-natural ou que é impossível de ser realmente vivido, é a mesma coisa que
querer obrigar toda a gente a casar... Mas nem toda a gente tem que se casar,
há mais vocações para além do casamento.
A riqueza dos solteiros
A riqueza dos solteiros
Há pessoas que, mesmo sem terem feito
qualquer voto de celibato, permanecem solteiras toda a vida, e por opção!
Falamos, naturalmente, de verdadeiros solteiros/as, e não de “solteirões
aventureiros”… nem de solteiros que vivem “juntos”, fazendo vida como se fossem
casados… Não falamos desses, mas sim de tantas pessoas que são um bem para a
comunidade pelo seu espírito de serviço e de generosidade, que é intensificado
pela liberdade de tempo e movimento que a sua condição de solteiros lhes deixa.
Será que a vida dessas pessoas deixa de ter sentido por serem solteiras? E a
dos padres? Seria absurdo se assim fosse. Às vezes dá a impressão que os
críticos do celibato querem obrigar a casar, a toda a força, pessoas que
optaram por não casar, como se as pessoas não fossem livres de escolher o seu
modo de vida, para além de esquecerem que o celibato é um chamamento e um dom
que vêm de Deus, Aquele que está acima de tudo.
Não é fácil, mas...
Não é fácil, mas...
É certo que o celibato não é fácil de ser
vivido, mas… será que casar resolve o problema? Quantos maridos e esposas
infiéis!... O problema é muito mais profundo do que casar ou não casar:
trata-se de ser fiel ou não ser fiel; há que viver a arte da fidelidade quer no
celibato quer no casamento.
Sim, é possível ao padre ser fiel ao
celibato: se confiar e viver na graça! O celibato é uma questão de fé, por isso
quem não crê não consegue compreender o papel da graça no meio de todo este
processo. Os críticos do celibato, geralmente, esquecem a graça, mas graça é
indispensável! Sem ela é impossível ser fiel. Só com a graça de Deus é que o
celibatário consegue ser fiel, da mesma maneira que só com a graça é que os
esposos conseguem ser fiéis um ao outro e por toda a vida. Aliás, a
presença da graça é, exactamente, a grande diferença entre o sacramento do
matrimónio e o casamento civil.
Há mais vida para além do sexo
Há mais vida para além do sexo
Os nossos meios de comunicação social
repetem-nos, a toda a hora, que: “ninguém pode ser feliz sem ter sexo, muito
sexo”. Mas o celibato é um testemunho contra essa perversão, e é tão
incomodativo que há quem tente abafar esse testemunho fixando-se nos casos de
alguns sacerdotes infiéis, procurando atingir todos, mesmo os que são fiéis. Num
mundo saturado de sexo, cuja banalização e leviandade são vistas como algo
normal ou até saudável, o celibato feliz de muitos mostra que, afinal,
há mais vida para além do sexo! É verdade!...
Sinal do que há-de vir
Sinal do que há-de vir
O
celibato é uma antevisão da eternidade. Jesus diz que os filhos deste mundo
casam-se e dão-se em casamento, mas, quando for a ressurreição, já não se vão
casar nem dar-se em casamento (Lc 20
34-36). O matrimónio, embora seja um
sacramento, é algo que pertence, apenas, a este mundo, uma vez que dura “até
que a morte os separe”. O celibato, por sua vez, não é “deste mundo”, não faz
sentido senão tendo em conta o mundo futuro. Aqueles que o vivem são um
testemunho vivo da fé na vida eterna e daquilo que hão-de ser os que tomarem
parte na ressurreição. O celibato é, então, uma questão de eternidade.
O celibato põe-nos à prova
O celibato põe-nos à prova
Se é uma
questão de eternidade, então é uma questão de fé! Perante uma opção de vida tão
radical, aquele que é chamado ao celibato é posto à prova, como se alguém lhe
dissesse: “Acreditas mesmo ou não? Estás nisto a sério, de todo o coração?
Cristo é tudo para ti, ou achas que é só uma fantasia à qual entregas, apenas,
uma parte do teu tempo? Se amas mesmo a Cristo, entrega-te totalmente a Ele.”
E, até para quem não é celibatário, uma entrega tão radical como o celibato
lembra que, afinal, a fé é qualquer
coisa bem real: não é um conto, não é umas histórias, não é apenas uns valores;
quem tem fé acredita que Cristo está mesmo vivo, e as pessoas que deixam de se
casar por causa d’Ele acordam-nos para essa verdade.
O celibato (tanto para quem o vive como para
os outros) “encosta-nos à parede” e coloca-nos a grande questão: afinal, a fé,
para ti, é a sério ou é só uma história? O celibato aí vai continuar:
escandalizando uns, fortalecendo a fé de outros… depende da confiança que cada
um tiver em Deus. Ainda bem que contamos com o
testemunho fiel e feliz de muitos que nos dizem, com a sua própria vida, que
Cristo está vivo e que a fé não é uma “léria”.
Haja celibatários! São, sem dúvida, uma
grande riqueza na Igreja.
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