quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Quando a tradição já não é o que era

    Um convite a usar a cabeça e a liberdade de expressão para fazer um juízo crítico acerca de matanças do porco e outras festas em... Sexta-feira Santa e Sábado Santo!...

    Estamos, sem dúvida, em terras onde as tradições são valorizadas… mas, por vezes, também alteradas e desvirtuadas.
    Diz a tradição, que o tempo do carnaval é de festa e de folia! Tradicionalmente, eram os últimos dias em que as pessoas aproveitam para festejar e extravasar antes do tempo penitencial que é a Quaresma.
    Também é da tradição matar o porco pelo carnaval. Para além de o tempo frio proporcionar condições higiénicas muito boas (em especial pela ausência de moscas), era, além disso, uma última ocasião de fazer “patuscada” e convívio antes do jejum e abstinência quaresmais.
   
    Mas a tradição já não é o que era e os que mais dizem defender as “tradições” são os que as deturpam inventando novas “tradições” que, afinal, são o contrário daquilo que sempre foi tradição.
    Agora, os dias mais solenes da Semana Santa são, para muitos, um simples fim-de-semana prolongado para aproveitar… Em muitas das nossas terras, a Sexta-feira Santa e o Sábado Santo são aproveitados para convívios e festas. Seria certíssimo fazer isso no Domingo de Páscoa, Dia de verdadeira “explosão” de alegria pela Ressureição do Senhor. Mas a desculpa habitual de que esse dia é necessário para viajar e regressar a onde quer que seja é pretexto para profanar dias santíssimos reservados à memória da morte do Redentor.
    Na Sexta-feira Santa e no Sábado Santo, dias em que a Igreja nem sequer celebra a Santa Missa, muitos ousam fazer todo o tipo de festas e comezainas, muitas vezes com matança do porco incluída!
    Até parece piada de mau gosto matar o porco nos dias em que os cristãos recordam a morte do Senhor! Matar o porco no dia em que mataram Cristo... Será que nunca ninguém parou para pensar neste paralelismo blasfemo?
    E, por fim, alguém preguntará: mas as pessoas não são livres de fazer o que quiserem? E eu digo: Claro que sim! Mas não venham depois dizer que são católicos. As pessoas são livres de viverem como os cristãos ou como os pagãos; só não podem é dizer que são aquilo que não são.
    O cristão festeja e diverte-se, sim! Mas também sabe que há um tempo para tudo.
Padre Orlando