DIOCESE DE COIMBRA
VIRGÍLIO DO NASCIMENTO ANTUNES
NOTA PASTORAL 2019-2020
“O que vimos e ouvimos, isso vos anunciamos” (1 Jo 1,
3)
INTRODUÇÃO
O Plano Pastoral para 2017-2020, sob o lema
“Aproximai-vos do Senhor”, tem sido uma bênção para a Igreja Diocesana de
Coimbra.
Entramos no terceiro ano centrados no mesmo desejo de
dar continuidade e profundidade a esta iluminação que o Espírito Santo nos
concedeu no decorrer de uma dinâmica sinodal proposta à Diocese há três anos. O
Povo de Deus escutou a Palavra da Escritura, avaliou, orou, dialogou e
discerniu quais os caminhos a percorrer pela Igreja no tempo presente.
Desde então têm sido muitos os dinamismos criados, as actividades
propostas e os novos caminhos percorridos. Sobretudo temos visto muitas
unidades pastorais a preparar o seu plano pastoral e a calendarização das actividades
com o contributo dos conselhos pastorais e das equipas de animação pastoral,
dando-se assim maior expressão ao Magistério segundo o qual a evangelização é
dever da Igreja, que, mais do que uma instituição orgânica e hierárquica, é,
antes de tudo, um povo que peregrina para Deus (cf. Evangelii gaudium, 111).
Embora com ritmos diferentes, fruto das circunstâncias
próprias de cada unidade pastoral, as comunidades estão a dar passos firmes num
novo modelo de acção eclesial que consiste em passar “de uma pastoral de mera
conservação para uma pastoral decididamente missionária” (Evangelii gaudium, 15).
A unidade e o amor do Povo de Deus são os dois
critérios fundamentais da organização da comunidade cristã que quer ser fiel à
sua vocação de comunicar Cristo à humanidade, dentro e fora da Igreja.
Sendo Igreja Local, povo de Deus que está em Coimbra,
procuraremos fomentar por diversos meios a unidade que nos deve caracterizar,
começando pela comunhão com Deus, continuando pela comunhão com todos os
membros do mesmo Corpo e acolhendo as propostas e directrizes que a Diocese
oferece. As unidades pastorais com mais potencialidades estarão ao lado das que
têm menos meios, devendo acertar-se o modo de o fazer no contexto do
arciprestado. E que todos - sacerdotes, diáconos, consagrados e leigos – dêem o
seu contributo pessoal para que nenhuma comunidade caminhe a um passo demasiado
lento ou corra o risco de ficar para trás.
Jesus pediu insistentemente ao Pai que guardasse na
unidade todos os seus discípulos (cf. Jo 17) e afirmou solenemente: «Nisto conhecerão todos que sois os meus discípulos: se vos
amardes uns aos outros» (Jo 13,35). Tanto do ponto de vista pessoal como
no que se refere à acção pastoral não podemos caminhar sozinhos: a unidade e o
amor serão sempre critérios da nossa fidelidade a Deus e à Igreja.
Que este novo ano pastoral, na fidelidade ao lema
“aproximai-vos do Senhor”, tenha duas fortes marcas: aproximemo-nos do Senhor
como povo que se converte ao seu amor e aproximemo-nos dos irmãos como Igreja
enviada a anunciar o Evangelho.
“O QUE VIMOS E OUVIMOS, ISSO VOS ANUNCIAMOS” (1 Jo 1,
3)
O Plano Pastoral Diocesano para o triénio de 2017 a
2020 contempla três objectivos: evangelização, espiritualidade e organização. O
plano deve ser entendido como um todo e, por isso, os objectivos a desenvolver
continuam os mesmos, pois, apesar dos caminhos já andados, temos muito a fazer.
De acordo com o
estabelecido, neste ano pastoral de 2019-2020 daremos especial atenção ao
dinamismo organizativo e ao dinamismo da comunicação.
Teremos como frase chave: “O que nós vimos e ouvimos,
isso vos anunciamos” (1 Jo 1, 3).
Tudo o que nós somos como Igreja nasceu do encontro
revelador com Jesus, que tocou os discípulos por fora e por dentro, transformou
a sua vida e pô-los no caminho do seguimento e do testemunho ou do anúncio.
Por sua vez, a organização eclesial com todos os seus
contornos, incluída a dimensão institucional, está ao serviço do encontro com
Cristo, do crescimento da fé e do anúncio do Evangelho.
Não seríamos cristãos nem seríamos Igreja se os
apóstolos e discípulos não tivessem passado pela experiência de contacto com o
Senhor Jesus Cristo – “o que vimos e ouvimos” – e se O não tivessem anunciado
sob a forma de testemunho.
Embora em circunstâncias diferentes, a humanidade não
crescerá na fé e na pertença à Igreja, se o Povo de Deus não “vir” e “ouvir” o
Senhor Jesus Cristo, se não entrar em comunhão com Ele, a condição para que O
possa comunicar sob a forma de anúncio.
Ver o Senhor, ouvir
o Senhor e anunciar o Senhor são os
elementos chave do percurso que queremos intensificar e aos quais se devem submeter
os dinamismos da organização e da comunicação que ao longo deste ano pastoral
procuraremos desenvolver com criatividade e com paixão.
DINAMISMO ORGANIZATIVO
Precisamos de nos interrogar continuamente se as
formas de organização da Igreja nas suas diversas vertentes e estruturas são as
adequadas para a realização da sua missão no tempo presente. É muito fácil
cristalizarmos em modelos organizativos que não tenham em conta as mudanças
operadas na própria organização da sociedade ou no modo como os crentes se
relacionam com a fé e com a Igreja.
Nunca é demais sublinhar que todas as formas de
organização eclesial perdem a sua razão de ser quando se descentram da
identidade misteriosa da mesma Igreja, da Pessoa de Jesus Cristo como Senhor e
Salvador, da missão de fazer crescer a fé por meio do anúncio do Evangelho. A
organização das comunidades cristãs é um meio para levar a humanidade a Cristo
e à Igreja.
Factores como o urbanismo, a mobilidade, a migração, o
êxodo dos campos para as zonas urbanas, o prolongamento da idade da juventude e
do período de formação académica, o adiamento da constituição de família, a
menor estabilidade laboral, entre muitos outros, são o resultado de uma nova
situação da sociedade e produzem mudanças às quais a organização eclesial não
pode ser alheia.
Por sua vez, há hoje sinais evidentes de mudanças
profundas no que se refere à forma como os crentes se relacionam com Deus, com
a fé cristã, com a Igreja e com a comunidade cristã local. Entre muitos outros factores,
a espiritualidade mais intimista, a religiosidade como uma realidade do foro
pessoal, a perda do sentido de pertença à comunidade local, a diminuição do
sentido social e público da fé, precisam de ser equacionados no momento de
programar o modo de agir da Igreja nas suas estruturas pastorais.
Na Exortação Apostólica A Alegria do Evangelho, o Papa Francisco aponta algumas linhas
elucidativas relativamente à dimensão organizativa da Igreja, para realizar a
sua missão.
Conversão
pastoral: “Espero que todas as
comunidades se esforcem por actuar os meios necessários para avançar no caminho
duma conversão pastoral e missionaria, que não pode deixar as coisas como estão.
Neste momento, não nos serve uma «simples administração». Constituamo-nos em
«estado permanente de missão», em todas as regiões da terra” (25).
Conversão
eclesial: “O Concílio Vaticano II
apresentou a conversão eclesial como a abertura a uma reforma permanente de si
mesma por fidelidade a Jesus Cristo: «Toda a renovação da Igreja consiste
essencialmente numa maior fidelidade à própria vocação. (...) A Igreja
peregrina é chamada por Cristo a esta reforma perene. Como instituição humana
e terrena, a Igreja necessita perpetuamente desta reforma»” (26).
Reforma das
estruturas: “Há estruturas eclesiais
que podem chegar a condicionar um dinamismo evangelizador; de igual modo, as
boas estruturas servem quando há́ uma vida que as anima, sustenta e avalia. Sem
vida nova e espírito evangélico autêntico, sem «fidelidade da Igreja à própria
vocação», toda e qualquer nova estrutura se corrompe em pouco tempo” (26).
“A reforma das estruturas, que a conversão pastoral
exige, só se pode entender neste sentido: fazer com que todas elas se tornem
mais missionárias, que a pastoral ordinária em todas as suas instâncias seja
mais comunicativa e aberta, que coloque os agentes pastorais em atitude
constante de «saída» e, assim, favoreça a resposta positiva de todos aqueles a
quem Jesus oferece a sua amizade” (27).
Conversão
missionária: “Cada Igreja particular,
porção da Igreja Católica sob a guia do seu Bispo, está, também ela, chamada
à conversão missionária. Ela é o sujeito primário da evangelização, enquanto
é a manifestação concreta da única Igreja num lugar da terra e, nela, «está
verdadeiramente presente e opera a Igreja de Cristo, una, santa, católica e apostólica»”
(30).
O Plano Pastoral Diocesano integrou e assumiu o
sentido destas linhas programáticas oferecidas pelo Papa Francisco e as
paróquias, unidades pastorais, arciprestados e serviços diocesanos têm vindo a
repensar o seu modo de estar e as modalidades da sua acção.
No âmbito do dinamismo organizativo elencaram-se já
alguns aspectos, que podem ter um alcance muito vasto no presente e no futuro
da vida da Igreja Diocesana. Retomo-os aqui porque estarão especialmente
presentes na nossa reflexão e acção ao longo deste ano.
a. “Assumir a unidade pastoral como a estrutura
pastoral base na organização da diocese”.
Trata-se já de uma realidade, fruto de vários anos de
trabalho e crescimento. É uma forma de organização que, quando não se fica por
uma questão burocrática, mas se deixa mover pelo espírito de renovação
missionária, revela-se muito adequada à nossa situação.
Além do crescimento no espírito que lhe deve estar
subjacente, continua de pé o grande desafio de fazer das unidades pastorais um
lugar de corresponsabilidade de todo o Povo de Deus, particularmente através
dos órgãos previstos: o conselho pastoral e a equipa de animação pastoral.
Ao longo deste ano o Bispo e o Secretariado da
Coordenação Pastoral continuarão a visita já iniciada a cada uma das unidades
pastorais. Trata-se de um encontro de proximidade com o pároco, os diáconos, o
conselho pastoral, a equipa de animação pastoral ou outros leigos responsáveis
dos vários sectores da vida pastoral. A partilha sobre os caminhos já andados e
sobre as dificuldades que localmente se vão sentindo ajudará a abrir alguns
horizontes de esperança para a realização da missão da Igreja no contexto
local.
b. “Dar um rosto e um ambiente pastoral ao atendimento
paroquial, evitando posturas autoritárias e meramente burocráticas”.
Sentimos a necessidade de passar de uma dimensão
marcadamente burocrática a um sentido pastoral e verdadeiramente acolhedor dos
serviços paroquiais.
No cartório ou secretaria, mas igualmente em todos os
outros lugares e momentos de relação da unidade pastoral com as pessoas,
famílias, grupos ou comunidades, é essencial criar um clima caloroso, amigo,
fraterno, que seja reflexo do rosto de Jesus.
Na vida das comunidades cristãs todas as coisas têm
uma intencionalidade evangelizadora, tudo está orientado para ajudar a
desabrochar e crescer a fé. Inclusivamente as questões de carácter
administrativo e os bens materiais orientam-se para a realização da missão
espiritual, missionária, caritativa da Igreja.
Quando se fala de um rosto e ambiente pastoral
inclui-se tudo o que tem a ver com a relação entre a Igreja - que tem também
uma dimensão institucional - e as comunidades ou as pessoas que dela se abeiram
por diversos motivos e com as mais variadas motivações.
Os ministros ordenados ou outros fiéis que
generosamente prestam serviços institucionais à comunidade não têm poder para
mudar as motivações dos que os procuram, mas têm sempre a possibilidade e o
dever de proporcionar um acolhimento verdadeiramente pastoral, isto é, marcado
pela caridade de Jesus, o Bom Pastor, para com todos.
No encontro com as pessoas que procuram os serviços da
Igreja procuraremos ter uma grande disponibilidade, que nos leve a ser mais
propositivos do que impositivos. Mesmo quando é necessário dizer um “não”, pois
há regras e princípios que têm de ser respeitados, hão de abrir-se sempre
portas para novas possibilidades e hão de propor-se sempre percursos de
enraizamento na fé e melhor integração na Igreja.
c. “Estar atento às novas realidades sociais, caracterizadas
por forte mobilidade, simplificando procedimentos desnecessários”.
Situada no tempo e no espaço concretos, a comunidade
cristã não pode ser alheia às novas realidades sociais, sob pena de ficar
isolada e não ter capacidade de acolher, dialogar e propor seja o que for às
pessoas a quem tem o dever de servir.
Num tempo de crise de fé e de pertença à Igreja como é
o nosso, no qual subsistem comunidades verdadeiramente vivas e até entusiastas,
mas de menor dimensão, a par de uma massa imensa de pessoas tradicionalmente
crentes, mas com diminuta adesão a Cristo, é tentador radicalizar posições e
catalogar as pessoas.
Mais evangélico, porém, é estar atento a todos, mas
especialmente aos que estão doentes e precisam de médico (cf. Lc 5, 31) e
fazer de todas as ocasiões uma oportunidade para anunciar a Boa Nova que cura e
salva, para oferecer percursos devidamente estruturados e aptos para um caminho
interior e exterior de aproximação.
Embora a
dimensão territorial faça parte integrante da identidade humana e comunitária
da Igreja, as unidades pastorais hão de procurar o necessário discernimento das
situações para que as fronteiras geográficas, por um lado, e a forte mobilidade
de pessoas e famílias, por outro, não constituam um entrave à fé e à vida
cristã.
DINAMISMO DA COMUNICAÇÃO
Ao propormos o dinamismo da comunicação no âmbito do
Plano Pastoral Diocesano precisamos de fazer três clarificações prévias.
Primeira: comunicação neste contexto não é
simplesmente um conjunto de técnicas de persuasão à maneira da publicidade ou
do marketing comercial ou ideológico.
Segunda: comunicação não se entende aqui primeiramente
no sentido de conjunto de meios de comunicação social usados para formar e
informar.
Terceira: ao falarmos do dinamismo da comunicação
queremos referir-nos a todo o processo comunicativo da Igreja, para o seu
interior e para fora, que inclui a palavra, o testemunho de vida, os gestos e
silêncios, a pregação, a liturgia, a caridade e as relações interpessoais, como
lugares de anúncio do Evangelho.
A Igreja está, hoje, consciente de que o conteúdo da
sua comunicação é a fé cristã nas suas várias vertentes. A Igreja existe para
evangelizar e, por isso, o Evangelho é a sua mensagem. Isso não significa que
se alheie da comunidade humana e de tudo o que lhe diz respeito, o que a
tornaria uma comunidade à parte e incapaz de partilhar as alegrias e dores da
humanidade.
A comunicação da Igreja dirige-se ao seu interior,
isto é, aos que de formas diversas assumem e vivem a sua fé na Igreja; mas
dirige-se também aos que se sentem de fora e não têm fé nem pertencem à Igreja
ou, porventura estão numa relação de conflito, de indiferença ou mesmo de
revolta contra ela.
Para comunicar com uns e com outros precisa de
encontrar os meios e as linguagens mais aptas, devendo servir-se do que de
melhor nos ensinam as ciências da comunicação do nosso tempo. Sendo o conteúdo
do que a Igreja tem a comunicar o grande tesouro, acontece que frequentemente
se cuida pouco da linguagem e dos meios que se utilizam nesse processo,
comprometendo, assim, a própria comunicação.
O Plano Pastoral Diocesano chama a atenção para alguns
aspectos concretos que precisamos de cuidar seriamente.
a. “Dar atenção particular à homilia para que seja um
momento privilegiado de incarnar a Palavra de Deus na vida pessoal e da
comunidade”
Segundo o Papa Francisco, “a homilia é o ponto de
comparação para avaliar a capacidade de encontro de um pastor com o seu povo” (A Alegria do Evangelho, 135). Ela é, de
facto, um momento privilegiado de encontro do pregador com a Palavra de Deus e
com o povo a quem se dirige. Quando a Palavra entra no seu coração e sai
repassada da sua experiência de fé e confiança em Deus, ela entra no coração
dos ouvintes e ajuda-os a transformar a sua vida pela realização da própria
experiência de fé e confiança no mesmo Deus.
A homilia é um retomar da experiência de diálogo entre
Deus e o seu povo (cf. A Alegria do
Evangelho, 137) à maneira da mãe que conversa com os seus filhos (cf. A Alegria do Evangelho, 139).
Na homilia, o diálogo é muito mais do que a
comunicação de uma verdade (cf. A Alegria
do Evangelho, 142), ela é fruto do amor existente entre o pregador e os
seus ouvintes e está ao serviço da união dos corações que se amam, o do Senhor
e os do seu povo (cf. A Alegria do Evangelho, 143). Este
diálogo só pode existir verdadeiramente quando é fruto e expressão do amor ou
da caridade que se celebra na liturgia e, especialmente na Eucaristia
dominical.
“Quem quiser pregar, deve primeiro deixar-se tocar
pela Palavra e encarná-la na sua vida concreta. Assim, a pregação consistirá na
actividade tão intensa e fecunda, que é comunicar aos outros o que foi
contemplado” (A Alegria do Evangelho,
150). Por sua vez, ela só pode penetrar na alma dos ouvintes quando eles estão
disponíveis para contemplar a mesma Palavra de Deus e quando alimentam o forte
desejo de a escutar como Palavra de salvação para a pôr em prática. A lectio divina ou leitura orante da
Palavra de Deus é o meio mais adequado que a tradição da Igreja nos legou para
nos ajudar a acolher “o que o Senhor nos quer dizer na sua Palavra e nos
deixarmos transformar pelo Espírito” (A
Alegria do Evangelho, 152).
“O pregador deve também pôr-se à escuta do povo, para
descobrir aquilo que os fiéis precisam de ouvir. O pregador é um contemplativo
da Palavra e também um contemplativo do povo” (A Alegria do Evangelho, 154). Isso permite relacionar a Palavra com
a vida e iluminar as diferentes situações que precisam da luz de Deus para um
verdadeiro discernimento que há de levar ao compromisso pessoal e comunitário.
O pregador é convidado a realizar uma séria preparação
da homilia, tendo em conta que é um dos actos mais importantes do exercício do
ministério profético que lhe foi confiado; o povo de Deus é convidado a uma
atitude de escuta humilde daquele que foi chamado a ser intermediário da graça,
mais do que a avaliar a qualidade de um discurso. O que fala, fala em nome do
Deus que o chamou a este ministério; o que escuta faz um acto de fé no amor de
Deus que envia sempre os seus mensageiros, pobres e pecadores, mas chamados a
levar o tesouro em vasos de barro; dará mais atenção à beleza do tesouro do que
à fragilidade do barro em que é transportado.
b. “Valorizar a comunicação social diocesana,
especialmente os jornais diocesanos Correio
de Coimbra e O Amigo do Povo”.
Graças à generosidade e sabedoria de um bom grupo de
pessoas, iniciou-se um caminho muito feliz de renovação e valorização do
semanário diocesano Correio de Coimbra.
A mudança gráfica, a inserção do Suplemento
Igreja Viva, o leque variado de colaboradores e o dinamismo da equipa redactorial
fizeram do nosso jornal um bom meio de comunicação para o interior da
comunidade cristã.
O projecto não chegou tão longe como se pensou e como
era necessário porque se encontraram resistências várias e porque muitos
católicos não conseguiram senti-lo como seu.
Continua a ter pleno sentido a campanha de
colaboração, assinatura e leitura denominada “amo a Igreja, leio o seu jornal”.
De facto, a comunicação faz parte integrante dos caminhos da comunhão eclesial,
pois o que não se ouve, não se vê e não se conhece também não se ama.
Renovo o convite às paróquias para que facilitem de
forma bem organizada a chegada do Semanário Diocesano às comunidades; ao Povo
de Deus convido a ler com sentido de Igreja este instrumento de evangelização
que a Diocese publica.
O jornal O Amigo
do Povo, de cariz popular, continua o seu caminho já centenário. É fácil de
ler, cativa pela sua forma simples e chega a um público mais alargado,
contribuindo muito para a criação do sentido de pertença à Igreja e à fé
católica.
Uma vez que os seus assinantes e leitores fiéis estão
a atingir uma média etária elevada, é necessário trabalhar para o fazer chegar
às novas gerações para que não corra o risco de perder o seu público
preferencial.
c. “Investir na presença da Igreja na internet, quer a
nível diocesano quer a nível local”.
A nossa Diocese de Coimbra possui já há longos anos um
site da internet: www.diocesedecoimbra.pt,
e criou mais recentemente uma página do facebook: www.facebook/diocese.de.coimbra/.
Do mesmo modo, muitas paróquias, unidades pastorais, secretariados diocesanos,
instituições e movimentos eclesiais estão presentes no mundo digital.
Todos reconhecemos a importância da presença da Igreja
nestes novos areópagos, pois as novas gerações deixaram há muito o mundo do
papel impresso e estão continuamente em sintonia com o mundo digital.
Apesar do esforço já feito e do bom serviço que a
comunicação digital já realiza, todos reconhecemos a necessidade de estar mais
atentos a esse mundo e de utilizar mais adequadamente esses meios.
Este ano pastoral há de ajudar-nos a progredir nesta
matéria e a elaborar um programa integrado de comunicação que contemple os seus
diferentes modos e meios.
CONCLUSÃO
A Igreja, sendo de instituição divina, está presente
na história e nós, membros da humanidade, fomos acolhidos nela e temos no seu
seio a missão de anunciar a Boa Nova a todos os povos.
Precisamos de cuidar de muitos aspectos já referidos
pelo Magistério Pontifício e pelos documentos da nossa Igreja Local. Não
podemos descurar a dimensão organizativa devidamente entendida e enquadrada,
pois isso significaria desvalorizarmos a nossa responsabilidade na construção
deste Edifício Santo, em comunhão com o Espírito Santo.
Muitos dos nossos fracassos pastorais devem-se, em
parte, à nossa falta de organização, de método, de plano, a juntar à nossa
falta de ardor interior e à nossa falta de espírito de serviço.
Foi-nos confiada a missão de comunicar a fé a esta
humanidade sedenta de Deus; reacendamos a fortaleza e a sabedoria, dons do
Espírito; e vivamos este ano pastoral de forma mais sábia e mais santa.
Queremos dedicar este ano pastoral à protecção da
Virgem Santa Maria, aquela que acompanha com o coração materno e feliz todos os
caminhos do Povo de Deus. Ninguém melhor do que Maria viu, ouviu e anunciou Jesus.
Como Mãe que ensina, dá segurança e entusiasma os seus filhos, ela oferece-se
para ajudar a nossa Diocese de Coimbra a ver, ouvir e anunciar Jesus com mais
ardor.
Coimbra, 28 de Agosto de 2019
Festa de Santo Agostinho, padroeiro da Diocese de
Coimbra
Virgílio do Nascimento Antunes
Bispo de Coimbra
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