Alguém dizia: “Eu? Ir dizer os meus pecados a um homem como eu? Só se eu fosse burro!”; E um velho pároco respondeu: “De facto, se for dizer os seus pecados a um homem como o Sr., é muito burro, mas se os for dizer a um homem que é padre, aí será bem diferente!”
Se tem que ser para uma coisa, também tem que ser para a outra...
Muitos são os que têm dificuldade em entender a necessidade da confissão sacramental: “Afinal, se Deus me ouve sempre, basta pedir perdão directamente a Deus, não preciso do padre para nada”, pensam muitas pessoas. No entanto, mesmo que alguns achem que o padre não é preciso para o perdão dos pecados, todos aceitam sem discussão que o padre é preciso para a Eucaristia e que sem padre não há Missa. Porém, se o ministério do padre é indispensável para haver Missa, faz sentido que também o seja para haver o perdão dos pecados! Se precisamos do sacerdote para podermos comungar, é evidente que também precisamos dele para nos serem absolvidos os pecados, porque Aquele que instituiu a Eucaristia foi Quem instituiu também o perdão dos pecados. Afinal, os que se confessam “diretamente a Deus” quando
desejam comungar não vão directamente a Deus!... Quem se confessa “directamente a Deus”, não pede o Pão do Céu “directamente a Deus”.
A certeza de ser perdoado
A atitude de quem pretende ir “directamente a Deus” é desencarnada, vaga, fica a pairar; é subjectiva, porque não tem nenhuma palavra nem gesto concreto que a garanta. Eu não posso salvar-me a mim mesmo nem perdoar-me a mim próprio. Posso dizer “Deus perdoa-me”, mas… como é que eu sei que Ele me perdoa? Que sinal concreto tenho que me dê a certeza desse perdão? O sacramento da confissão é esse sinal concreto, pois os sacramentos são “sinais eficazes da graça”.
A ingratidão de quem despreza um presente
Os sacramentos são sinais visíveis de uma realidade invisível, sinais que tornam visível o amor de Deus, sinais eficazes pelos quais Deus Se torna tão próximo de nós e Se entrega tão totalmente que é uma ingratidão sem nome rejeitá-los. Sim, é altamente ofensivo ao amor de Deus dizer “Eu confesso-me directamente a Deus, não preciso do sacramento da confissão para nada”. Era como se, no dia do nosso aniversário, atirássemos com o presente que recebemos à cara no amigo que o ofereceu, dizendo-lhe: “Eu faço anos todos os dias, não preciso de prendas de aniversário para nada!”.
E se o sacerdote for o pior dos pecadores?
O padre tem capacidade de absolver os pecados dos outros, podendo ele ser, eventualmente, muito pior? Ainda bem que sim, porque eu preciso de ser perdoado, independentemente de conseguir, para isso, um padre muito santo ou muito pecador. O perdão de Deus não está dependente da santidade do ministro (embora ela seja desejável!). Sim, o sacerdote (também ele necessitado de se confessar) pode absolver-me e a absolvição é válida porque não é ele que me perdoa: é Cristo que me perdoa através dele!
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